quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Água, sal e terra na Serra dos Candeeiros



Um passeio pela Serra dos Candeeiros estava há muito na ideia dos exmágalos Ritinha e Carlitos que aproveitaram um fim de semana de sol para conhecer algumas das bonitas paisagens daquele Maciço Calcário Estremenho.
A primeira paragem foi nos Olhos de Água do Alviela, local onde nasce o rio Alviela, em pleno Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, e cuja água é conduzida até àquele local por uma complexa rede de galerias subterrâneas que constituem centenas de grutas existentes na região. Aqui, os exmágalos, percorrendo um pequeno caminho pedestre, foram à descoberta de um dos mais interessantes fenómenos flúvio-cársicos do nosso país, protagonizado pela passagem das águas da Ribeira dos Amiais, pequeno afluente do Alviela. Esta ribeira, ao deparar-se com um afloramento calcário, desaparece no interior da rocha através de uma gruta - Perda ou Sumidouro - construída à custa da erosão das águas, emergindo novamente um pouco mais à frente - Ressurgência. O log da earthcache sobre este fenómeno geológico permitiu ainda incrementar o contador de caches deste grupo de amigos.
O ponto seguinte da visita foram as Salinas da Fonte da Bica, mais conhecidas por Marinhas de Sal de Rio Maior, classificadas como Imóvel de Interesse Público, cuja atividade de produção e armazenamento tradicional do sal se mantém desde há oito séculos. Neste local encontra-se uma mina de sal-gema, muito extensa e profunda, cujo sal é extraído através do bombeamento de água e sua evaporação nos diversos talhões existentes à superfície.
Numa breve passagem pela vila de Alcobertas, os exmágalos visitaram a Igreja de Santa Maria Madalena e o dólmen-capela adjacente, monumento megalítico de caráter funerário classificado de Imóvel de Interesse Público. Os silos mouros, maior conjunto de silos a céu aberto conhecidos na Península Ibérica, mereceram igualmente a sua visita.
As lagoas do Arrimal, dois admiráveis espelhos líquidos e verdadeiros “oásis” no mar de secura que as envolve, fizeram o deleite dos dois exmágalos que, para além de registarem em fotografias estas belas paisagens de final de tarde, também puderam encontrar mais uma cache junto à Lagoa Grande.
A passagem por Serro Ventoso e pelo Miradouro de Chão de Pias, para além da ampla paisagem sobre Porto de Mós, saldou-se em mais uma cache encontrada.
Depois de otimamente bem acolhidos no Retiro da Avó Lídia, em Mendiga, os dois exmágalos visitaram o interior do Castelo de Porto de Mós, também conhecido por Castelo de D. Fuas Roupinho, cujas torres, grandes e verdes, e de forma bicuda, fazem deste castelo, classificado como Monumento Nacional, um dos mais originais do nosso país. Também aqui, após grande insistência, conseguiram encontrar mais uma cache muito bem dissimulada no seu esconderijo. Esta ficou, aliás, registada como a 400ª cache encontrada pelo grupo! Ainda na vila de Porto de Mós, junto à capela de Santo António e com vista privilegiada sobre o castelo, puderam encontrar mais uma cache.
O percurso pedestre da Fórnea permitiu desentorpecer as pernas dos dois exmágalos, percorrendo um caminho de terra rodeado de olivais até se entrar num vale que culmina no lugar da Fórnea, uma estrutura geológica única no país. Trata-se de um magnífico anfiteatro natural com cerca de 500 m de diâmetro e 250 m de altura, de onde surge, a meia encosta, e após percurso subterrâneo, a ribeira homónima.
De passagem pela localidade de Alvados, os exmágalos, após alguma persistência, encontraram mais uma cache junto à sua Igreja Matriz.
Já à entrada da vila de Mira de Aire fizeram uma paragem no imponente Cruzeiro onde, apesar do frio que se fazia sentir, facilmente encontraram mais uma cache. Seguiu-se a visita ao interior das Grutas de Mira de Aire, as maiores grutas de Portugal, descobertas em 1947, que, com as suas estranhas e variadíssimas formações calcárias realçadas por variados pontos de quentes luzes, cativam miúdos e graúdos. Já do lado de fora da gruta, e depois de vencidos os 110 m de desnível percorridos durante a visita, a dupla de exmágalos encontrou rapidamente mais uma cache.
Este passeio terminou na vila de Minde onde, num dos seus pontos mais altos localizado junto ao Cruzeiro, os exmágalos apreciaram uma ampla e bela vista sobre o Polje de Mira-Minde, também denominado «Mar de Minde». Embora seco nesta altura do ano, dado que apenas permanece inundado três a quatro meses, em anos de pluviosidade média, os exmágalos descobriram ali a última cache deste preenchido fim de semana.
Dada a riqueza de paisagens encontradas bem como a variedade de percursos pedestres assinalados nesta região, certamente que estes exmágalos voltarão, pois ficou a curiosidade de percorrer estes caminhos em época de ribeiros cheios e abundantes cascatas.